A importância do autoconhecimento

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Por: Polifonia

A importância do autoconhecimento. Um dos maiores desafios que enfrentamos hoje é nos mantermos competitivos em um mundo cada vez mais dinâmico e volátil. Não importa se estamos trilhando uma carreira executiva ou empreendedora, nem sempre temos segurança de que nossas competências estão alinhadas com demandas que se desdobram em complexidade e exigências. O crescimento de programas de treinamento e educação continuada nos últimos anos é apenas uma das várias evidências de como as pessoas estão preocupadas em desenvolver suas habilidades e aprimorar suas aptidões para enfrentar estes desafios.

Poucos, no entanto, já se deram conta que sua busca pelo autodesenvolvimento não deve se resumir ao aumento do conhecimento, principal produto que a maioria dos programas de educação oferece hoje, e sim pelo processo de autoconhecimento. Ninguém avança em nenhum tipo de carreira se não souber quais são seus pontos fracos e fortalezas, ninguém se arrisca em gerar inovações sem ter algum domínio sobre sua capacidade de enfrentar e minimizar riscos, ninguém lidera sem explorar sua autoconfiança para se expor e se colocar à frente de suas equipes.

Algumas das técnicas utilizadas para este fim são a terapia, o coach e a meditação, mas ainda faltam ferramentas que ajudam na avaliação deste processo de auto descoberta. Neste artigo, descrevo a ferramenta Canvas 3D, que criei para o programa Protagonismo Criativo, da Polifonia. O Canvas 3D é um modelo tridimensional de avaliação integrado, que deve ser utilizado ao longo de todo um processo de aprendizagem para avaliação do progresso do desenvolvimento pessoal. Estas três dimensões são descritas a seguir:

  • Dimensão 1: Tempo. A mais básica das dimensões, e uma das mais conhecidas, esta dimensão possui três eixos, o ontem, o hoje e o amanhã. Por meio desta dimensão podemos avaliar nosso progresso ao longo do tempo, basicamente com duas perguntas: Sou hoje uma pessoa melhor do que ontem? Serei amanhã uma pessoa melhor do que hoje? O pressuposto por trás desta dimensão é que as pessoas evoluem com o tempo, por meio de diversos instrumentos e fatores. A consciência de que o autodesenvolvimento é um processo contínuo é fundamental para compreendermos o que nos torna mais maduros e mais preparados ao longo do tempo.
     
  • Dimensão 2: Espaço. Esta segunda dimensão coloca um contexto de escopo no nosso processo de aprendizado e também possui três eixos, o eu, o nós e o mundo. O propósito desta dimensão é aumentarmos nossa percepção de que tudo o que nos transformamos ao longo do tempo não diz respeito apenas ao nosso desenvolvimento pessoal, mas uma consciência maior de quem somos dentro de um grupo e qual o nosso papel no mundo. Todo o conhecimento e competência que adquirimos deve servir a um propósito maior do que a nossa sobrevivência, englobando também as pessoas mais próximas à nossa volta e como nossa interação com o mundo por meio do nosso projeto pessoal pode dar significado e propósito às nossas vidas.
     
  • Dimensão 3: Alma. A terceira dimensão é a mais complexa de todas. Os seus três eixos são: mente, coração e mãos. Basicamente esta dimensão diz que nosso aprendizado não é só mental, por meio da aquisição de conhecimento, mas os sentimentos e nossa capacidade de ação e reação também fazem parte deste processo de aprendizagem. É no mínimo ingênuo qualquer pressuposto que assume que a capacidade intelectual garante líderes e empreendedores preparados. A emoção e a capacidade de realização vêm ganhando cada vez mais espaço no mundo de hoje, complementando o pensamento.

Entender as três dimensões é um passo importante, mas é apenas o primeiro passo da ferramenta. A coisa começa a se tornar complexa quando integramos as três dimensões. Para entender como elas interagem, primeiro vamos associar apenas duas destas dimensões, tempo e espaço.

Conhecer o nosso passado é o primeiro passo: Quem éramos, o que pensávamos, em que acreditávamos, que experiências passamos, quem conhecemos, como era nossa realidade, o que era importante para nós. Quando pensamos no hoje percebemos nossa evolução e crescimento, na medida em que nos questionamos: Quem sou eu? Em que eu acredito? Quais são meus valores? Quando comparamos a pessoa que éramos com a pessoa que nos tornamos temos mais claro o nosso processo de aprendizado e crescimento pessoal. No fundo, quando passamos por um treinamento verificamos se o curso foi bom fazendo este tipo de comparação, quem eu era antes do treinamento e quem me tornei após o treinamento e este é apenas o cruzamento de dois elementos da dimensão tempo, o ontem e o hoje.

Quando adicionamos o amanhã nesta análise estamos fazendo o planejamento de nosso futuro aprendizado. Vemos o que nos falta ainda para atingir nossos objetivos e estabelecemos um plano de desenvolvimento que, se cumprido, nos trará os conhecimentos e habilidades que precisamos dominar para enfrentar os desafios do amanhã. Com isso, completamos a dimensão tempo, mas apenas para um eixo da dimensão espaço, o ‘eu’.

Agora repassamos todo este processo novamente para explicar a nossa relação com as pessoas, o eixo ‘Nós’. Sabemos que nenhuma realização relevante acontece sem o envolvimento de mais pessoas, portanto, se relacionar com pessoas para engajá-las em projetos relevantes é fundamental para qualquer líder e empreendedor. Ao analisar o eixo ‘Nós’ da dimensão espaço, com os eixos ‘ontem’, ‘hoje’ e ‘amanhã’, da dimensão tempo, temos todo um novo horizonte de descobertas. Como eu me relacionava com as pessoas antes? O que eu sabia sobre as pessoas à minha volta? Como eu construía relacionamentos significativos? Como eu lidava com conflitos? Como eu separava amizade de profissionalismo? E agora, como eu me relaciono com pessoas? O que aprendi sobre ler e interpretar pessoas hoje? Como lido com conflitos hoje? Como lidero e engajo pessoas hoje? E assim por diante, sempre fazendo comparações para entender o nosso processo de amadurecimento na relação com pessoas.

Para fazer um planejamento de desenvolvimento pessoal de liderança, inevitavelmente passamos por perguntas relacionadas com o amanhã: Como eu espero me relacionar com as pessoas no futuro? Como quero ser visto por pares? Que tipo de pessoas quero atrair para meus projetos? Como me torno um líder melhor para minha equipe?

Por fim, no eixo mundo, extrapolamos a nossa relação com as pessoas para procurar entender o significado dos nossos projetos no contexto mais amplo, para entender melhor o propósito por trás de nossos projetos pessoais. Com este tipo de questionamento fazemos a conexão para compreender quem estamos nos tornando e precisamos nos tornar para mobilizar pessoas em torno de um projeto que trará grande valor para as pessoas. Assim, naturalmente surgirão questões como: Qual o significado deste projeto para mim? (mundo, hoje); Como posso fazer a diferença no mundo? (mundo, amanhã); Qual era a minha visão do ambiente à minha volta? (mundo, ontem); Que fatos acontecem hoje que me impactam? (mundo, hoje); Que habilidades preciso desenvolver para realizar o meu projeto? (mundo, amanhã); Qual foi a diversidade de experiências que eu tive na vida? (mundo, ontem).

Cruzando apenas estas duas dimensões já temos uma visão bastante ampla sobre nós mesmos e um olhar bastante crítico sobre nossa jornada rumo ao desenvolvimento pessoal e profissional. Dominar as relações entre estas duas dimensões amplia nossa consciência e nos ajuda a tomar decisões mais centradas, mais conscientes e mais integradas.

Vamos agora ver como funciona estas dimensões com a terceira dimensão, a alma. Primeiro, como fica esta dimensão com o tempo? É quando analisamos a forma como agimos, pensamos e sentimos hoje, no passado e no futuro. Como agíamos ontem? Como agimos hoje? Como queremos agir amanhã? O que pensamos hoje? Como pensávamos ontem? Como queremos pensar amanhã? O que sentimos hoje? Como nos sentíamos ontem? Como queremos nos sentir amanhã? O normal em todo processo de treinamento é termos uma consciência sobre um destes eixos que é a mente, mas em um bom processo de autoconhecimento percebemos que evoluímos de formas diferentes ao longo do tempo. Algumas pessoas simplesmente continuam a fazer as mesmas coisas e do mesmo jeito há anos. Outras pessoas alimentam os mesmos sentimentos do passado, outras se tornam mais frias e reservadas com o tempo, enquanto outras ainda pretendem explorar futuras oportunidades para se engajar em projetos diferentes.

Quando cruzamos a dimensão ‘alma’ com a dimensão ‘espaço’, refletimos sobre como podemos realizar nossos projetos (mundo, mãos), o que sentimos sobre as pessoas (nós, coração), como eu aprendo (eu, mente), o que eu tenho feito (eu, mãos), se eu gosto do meu projeto (mundo, coração), se as pessoas me ajudam (nós, mãos), o que eu conheço sobre nossa sociedade (mundo, mente), como lido com meus sentimentos (eu, coração), se passo orientações precisas para minha equipe (nós, mente) e assim por diante.

Quando você aprender a dominar as relações entre as três dimensões par a par, e aqui, dominar, significa muito mais aprender a fazer perguntas do que necessariamente ter as respostas para elas, então você está pronto para a parte mais complexa que é ver todas as dimensões trabalhando juntas.

Para facilitar o entendimento destas relações, sugiro na tabela abaixo algumas perguntas para reflexão, evidenciando quais os eixos envolvidos em cada dimensão:

A lista de perguntas é infinita, sobretudo quando queremos saber particularidades sobre algum aspecto em particular, assim todo um conjunto de perguntas pode surgir quando pensamos sobre nossa capacidade empreendedora, ou quando pensamos em nossas relações familiares ou ainda na forma como lidamos com problemas do nosso dia-a-dia. Para cada situação específica podemos aplicar este modelo e gerar questões que nos levem à reflexão profunda sobre nós mesmos.

E assim funciona o processo do autoconhecimento, uma contínua busca por respostas dentro de nós mesmos, entendendo quem somos e o que somos e traçando os rumos em direção a quem devemos nos tornar para fazer aquilo que estamos destinados. O canvas 3D é apenas uma ferramenta que ajuda neste processo, como qualquer outra ferramenta, ela só serve se for bem usada, a atitude de iniciar um processo de transformação a partir destas descobertas cabe a cada um de nós e não pode ser delegada.

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